com destaque para o trecho no quadro:

08/10/2006 - 10h55
Exito de Alckmin azeda plano do tucanato
M�NICA BERGAMO colunista da Folha de S.Paulo

A passagem de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para o segundo turno das
elei��es presidenciais implodiu um acordo informal que j� estava sendo
firmado entre lideran�as do PSDB e o presidente Lula e amea�a levar de
rold�o as pretens�es presidenciais de duas das maiores figuras do
partido: Jos� Serra, governador eleito de S�o Paulo, e A�cio Neves, de
Mina Gerais.

Caso Lula tivesse liquidado a fatura no primeiro turno, Alckmin estaria lambendo (sozinho) as feridas da derrota. Serra e A�cio seriam hoje os principais candidatos � sucess�o do petista. E, at� segunda ordem, os
�nicos: nas conversas com A�cio, antes do primeiro turno, Lula chegou a
dizer que, com a derrota de Aloizio Mercadante ao governo de SP, o PT
n�o teria candidato competitivo � Presid�ncia em 2010.

Em conversa com amigos, em setembro, quando as pesquisas indicavam que
poderia ser eleito em primeiro turno, Lula disse: "As pessoas v�m me
falar de Serra e A�cio. Quem disse que um deles n�o pode estar no nosso palanque em 2010? Ou que eu n�o posso estar no palanque de um deles?".

A miss�o de dialogar com Serra era do ministro M�rcio Thomaz Bastos, da Justi�a. Os dois tiveram v�rios encontros nos �ltimos meses em SP.

"O PT n�o dar� tr�gua"

Em palestra para banqueiros, pela qual recebeu R$ 15 mil, o ex-ministro
Ant�nio Palocci detalhou, em setembro, o acordo informal: os tucanos
ajudariam Lula a aprovar reformas no Congresso. Em troca, teriam
atendidos seus pleitos junto ao governo federal.

A possibilidade de vit�ria de Alckmin explode tudo. Em primeiro lugar,
tirou Lula da posi��o de "amigo", como ele se referia a Serra e A�cio:
para vencer as elei��es, o presidente come�ou a atacar n�o s� Alckmin
mas todo o PSDB. E convocou dois poss�veis presidenci�veis, que andavam sumidos, para a sua "tropa de choque": Marta Suplicy e Ciro Gomes.

Caso Alckmin ven�a as elei��es, o quadro muda ainda mais: dez entre dez
tucanos duvidam que ele abra m�o de concorrer � reelei��o. De dois, o
n�mero de presidenci�veis de 2010 pula para pelo menos quatro: Alckmin,
Serra e A�cio, pelo PSDB, e o pr�prio Lula, como candidato de oposi��o.

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|Em jantar com empres�rios em SP, na semana passada, um dos deputados |
|mais influentes do PT afirmou: "Vamos ser claros. Existia um acordo |
|entre n�s [PT] e o PSDB: o pr�ximo governo era do Lula. O de 2010, do|
|Serra ou do A�cio, sem problemas. Com Alckmin, o acordo ser� rompido.|
|E Alckmin vai ter derrotado o Serra, o A�cio, o FHC, o Lula, todo | |mundo". | +---------------------------------------------------------------------+

De acordo com o parlamentar, "o Alckmin, se eleito, n�o vai governar"
porque PT, MST e CUT "n�o v�o dar tr�gua".

"N�o � poss�vel"

Amigos �ntimos e pol�ticos do grupo de Serra no PSDB e no PFL mal
disfar�am o desconforto com a possibilidade de Alckmin vencer as
elei��es.

Dias antes do primeiro turno, no coquetel do debate que a TV Globo
promoveu entre os candidatos ao governo de SP, um dos pol�ticos de maior destaque no Estado, muito pr�ximo de Serra, fez cara de enterro ao
receber a not�cia de que pesquisas telef�nicas indicavam que haveria
segundo turno.

"N�o � poss�vel! Quem te falou?", perguntou o pol�tico � Folha. Depois,
chegou a cochichar com a colunista: "Ele [Alckmin] n�o vai passar [para
o segundo turno]. N�o � poss�vel, n�o vai dar tempo."

De acordo com um pol�tico do PFL paulista, a vit�ria de Alckmin vai
fazer com que a disputa, no PSDB, "vire uma briga de foice no escuro". O
mais ir�nico � que tanto Serra quanto A�cio, pressionados por Alckmin e sobretudo pelos eleitores tucanos que querem Lula fora do Planalto,
devem se engajar agora na campanha.

Tucanos ouvidos oficialmente pela Folha negam que a vit�ria de Alckmin desagrade setores do PSDB. "Isso n�o existe. N�o h� um s� tucano que
esteja a favor da vit�ria do Lula. H� situa��es hist�ricas em que o bem
do pa�s est� acima de interesses pessoais", diz o ex-ministro Paulo
Renato de Souza.

A vit�ria de Alckmin estava fora tamb�m dos planos de Fernando Henrique Cardoso, que j� se preparava para ser o porta-voz da oposi��o a Lula.

FHC nunca escondeu que preferia ver Serra candidato � Presid�ncia. Ele
s� decidiu apoiar Alckmin quando ouviu de especialistas como Carlos
Augusto Montenegro, do Ibope, que Lula era um candidato "quase
invenc�vel". A um interlocutor, FHC foi claro: "Vamos colocar o Alckmin
para perder. E preservar o Serra para 2010".

Entre amigos �ntimos, FHC, celebrado pelo bom humor e por perder o
amigo, jamais a piada, chegou a dizer, em mar�o, que a derrota de
Alckmin obrigaria os tucanos a comprarem uma butique para a filha dele
se ocupar. Sophia, filha de Alckmin, j� trabalhou na Daslu.

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